SONETO TRISTE PARA MINHA INFÂNCIA
De silêncios me fiz, e de agonia
vi, crescente, meu rosto saturado.
Tudo de mágoa e dor, tudo jazia
nos meus braços de infante degredado.
Culpa não tinha a voz que em mim nascia
pedindo esses desejos - sonho ousado
por onde o meu olhar navegaria
de cores e de anseios penetrado.
Buscava uma beleza antecipada
- a condição mais pura de harmonia
nessa infância de medos tatuada,
querendo-me em beber de inacabada
procura que, em meu ser, superaria
a minha triste infância renegada.
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